ESTAMOS EMPREGANDO NOSSOS RECURSOS DE SEGURANÇA DA FORMA CORRETA?
Confesso que não me lembrava deste incidente que vitimou fatalmente Keith Palmer, agente da Policia Metropolitana de Londres.
Para situar a conversar, em 22 de março de 2017, Keith foi colocado para guardar a entrada principal de veículos do Palácio de Westminster, a “Carriage Gates”, porém, desarmado. Como todos sabem, é prática da policia londrina (e de outros lugares) empregarem policiais desarmados para patrulharem as vias públicas e manter uma força de resposta armada. Ocorreu que neste dia, o palácio foi vítima de um ataque terrorista e Keith, cumprindo o seu papel de guardião, enfrentou o terrorista e foi morto, esfaqueado, por Khalid Massod, que logo após foi morto a tiros por outros policiais. O artigo critica o fato da policia metropolitana ter colocado o policial, desarmado, contando apenas com um cassetete e um spray de pimenta, para guardar a entrada principal de veículos, do símbolo de poder inglês. E concordo com o artigo. Porém, não quero e não vou abordar esta tragédia.
Neste meu artigo, quero abordar o antes do ataque terrorista. Mostrando que não adianta ter os recursos, identificar as fraquezas, conhecer as ameaças e não fazer nada.
O Daily Mail teve acesso a relatórios que mostram que em 2016 (6 meses antes do ataque), o CO19 (esquadrão de armas de fogo da polícia metropolitana) conduziu um elaborado teste de segurança do Palácio de Westminster, chamado de Operação Kiri. Alguns homens, armados, subiram o rio Tâmisa durante a noite e conduziram um ataque simulado contra o palácio. A simulação era tão séria, que ninguém sabia (inclusive os policiais que faziam a guarda do palácio) e receberam ordens de apenas se revelar, se os agentes do Grupo de Proteção Diplomática (braço da polícia metropolitana para fazer a segurança do palácio e dignitários) os identificassem. Ocorreu que ele furaram todas as defesas, INDETECTAVEIS, apenas com informações obtidas em fontes públicas (obrigado Google) e chegaram ao coração do palácio, a Câmara dos Comuns (algo equivalente a Câmara dos Deputados). Reforço: fizeram isto sem serem vistos, parados ou nem mesmo percebidos. Esta simulação mostrou diversas deficiências nas defesas do palácio, que precisavam de uma revisão urgente para proteger o poder político do país contra um ataque terrorista. Foram sugeridos 40 pontos de melhoria para prevenir novas infiltrações, mas quase nada foi feito, apenas trocaram o uniforme dos policiais que guardam o palácio de branco para azul (dificultando a visibilidade no escuro) e uma placa de sinalização que os agentes do CO19 usaram para ajudar a sair do Tâmisa, foi retirada. Basicamente, nada foi feito.
Alguns pontos interessantes que podemos observar:
- Existia a preocupação com a segurança do palácio e me arrisco a dizer que já existi algum relatório alertando sobre as graves vulnerabilidades na segurança, afinal, executar uma simulação tão real e com altas chances de terminar em tragédia (os guardas dentro do palácio estavam armados e não sabiam da invasão falsa), sem antes ter uma preocupação real, seria imprudente;
- Mesmo com toda a preocupação em relaçaõ a segurança e sabendo que o país é alvo de ataques terroristas, a segurança do palácio foi mantida com baixa prontidão;
- Me pergunto como é o estado do CFTV e dos alarmes perimetrais do palácio, será que existem e funcionam?;
- Os agentes do CO19 conseguiram todas as informações de fontes públicas na internet, inclusive as plantas do palácio;
- A quantidade de policiais armados, necessários para garantir a segurança 24h do palácio é insuficiente, fazendo com que peguem policiais armados de outros departamentos e áreas. Com isto, tinham policiais inexperientes e que não conheciam a rotina do palácio;
- Mesmo guardando a entrada principal o palácio, o policial Keith Palmer, foi mantido desarmado, talvez por uma questão de tradição ou o mesmo não tinha treinamento com armas de fogo ainda. O fato é que era uma fragilidade e de acordo com o risco, manter um agente desarmado em face as ameaças que enfrentaria, não era uma opção.
O que podemos aprender com esta história?
Muitas vezes, a solução não esta em ótimos equipamentos táticos, armas novas, CFTV e alarmes de ultima geração, os “melhores profissionais”, se o básico não é feito, como por exemplo, treinamentos de prontidão regulares, revisão dos procedimentos, manutenção dos sistemas de segurança, etc.
O palácio era tido como seguro e provavelmente isto fez com que todos relaxassem (presunção apenas). Não sabemos o que ocorreu ao certo no dia que o CO19 atacou, nem se Keith estava bem no dia que foi morto. Mas lendo o artigo da Daily Mail, me fez lembrar quantas vezes relaxamos e não executamos treinamentos, revisão de procedimentos, testamos o nível de prontidão e fazemos as nossas análises de riscos. Equipamentos caros e profissionais caros ajudam muito, mas como a história já provou por diversas vezes, a vontade, aliada a oportunidade, pode ser muito mais eficaz contra as medidas de segurança, que mesmo caras, não são operadas de forma correta.
Artigo, em inglês: https://www.dailymail.co.uk/news/article-8279171/Why-PC-Keith-Palmer-left-vulnerable-Damning-dossier-provides-disturbing-clues.html
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