FOCO EM APENAS UM RISCO

Publicado em 22 de June de 2020 por Comunicação CCI

No momento que escrevo este artigo, a OMS (Organização Mundial da Saúde), por meio do seu site de acompanhamento para o COVID-19 (pode acessar aqui), registrou 465.460 casos de morte no mundo, com quase 9 milhões de casos registrados e um aumento em novos casos e novas mortes.

Mas não quero falar de COVID-19, quero falar de riscos e como muitas vezes olhamos apenas aquele que nos assusta mais.

Segundo estatísticas da OMS (acesse aqui) as 3 principais mortes no mundos são: doenças do coração, infarto e doenças pulmonares. Infelizmente a pesquisa é de 2016, mas nos ajuda a ter uma base dos riscos associados à saúde. Analisando estas estatísticas e inserindo os dados do COVID-19 podemos notar que o coronavírus não ficaria entre as 10 principais causas de morte no mundo. Não quero polemizar sobre a mortalidade da doença, não é este o mérito da questão, mesmo porque estou com meu avô na UTI por COVID-19. O que pretendo, é discutir como olhamos, muitas vezes, apenas os riscos que nos “interessam”.

Muitas vezes fazemos os mapeamentos de nossos riscos, identificando-os, colocando-os em matrizes com probabilidade x impacto, mas por razões diversas, cuidamos apenas daquelas que nos assustam mais, ou que possuem um impacto maior na organização e podemos estar esquecendo de riscos recorrentes, que ameaçam a organização a todo momento, mas o impacto é menor ou ofuscado por algum outro evento recente. Vamos usar um exemplo para ilustrar melhor: em um operador logístico, vários riscos foram identificados e devidamente analisados e matriciados. O controle de riscos tem acompanhados diversos relatos de que as cargas tem chegado danificadas, um aumento de 12% em relação ao período passado, mas por enquanto um impacto pequeno na empresa. Um dia ocorre um roubo, R$10 milhões perdidos em uma tacada! A empresa fica polvorosa, como que aconteceu? Conseguimos recuperar? Porque não foi evitado? Perguntas normais para um evento deste porte. Mas este evento singular ofusca um outro que caminha nas sombras sem ter a atenção devida: as cargas danificas continuam a aumentar, assim como as reclamações dos clientes. Por conta do volumoso sinistro, poucas pessoas percebem que já ocorreram 3 acidentes rodoviários e um de seus clientes pediu rescisão do contrato, o que pode custar à empresa mais de R$20 milhões de faturamento.

O exemplo acima é simplista, eu sei, mas nos ajuda a entender que devemos manter o nosso foco em todos os riscos, mesmo quando uma crise se estabelece. A nossa tendência é dar foco nos problemas imediatos (famoso apagar incêndio), enquanto que deveríamos ter uma estratégia de combate para evitar a proliferação do incêndio.

Dar foco em apenas 1 ou poucos riscos é perigoso para a organização, por tanto, fique atento e tenha um plano de gerenciamento de crises e riscos bem estruturado e pronto para dar suporte às equipes que trabalharão neles.

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